domingo, 13 de maio de 2012


Definição de filho por José Saramago:

“Filho é um presente que o Eterno nos emprestou para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos, para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser  pai ou mãe é o maior  ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se?

Foi apenas um empréstimo”

quarta-feira, 18 de maio de 2011

OS "LIVRO" DO MEC

Livro didático do MEC tem erro de português


“Nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”. Os erros gramaticais são apenas alguns encontrados no livro de língua portuguesa Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver, Aprender – adotado pelo Ministério da Educação (MEC) e distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA) a 484.195 alunos de 4.236 escolas.

Na avaliação dos autores do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer “preconceito linguístico”.

Publicado pela Editora Global, o livro apresenta frases erradas e explicações para cada uma delas, como forma de ensinar a maneira correta de falar e escrever. “Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro’?’ Claro que pode.

Mas fique atento, porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”, diz um dos trechos. “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas.”

Correto e adequado
Em nota divulgada pelo Ministério da Educação, a autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa.”

“Como se aprende isso? Observando, analisando, refletindo e praticando a língua em diferentes situações de comunicação”, acrescenta a autora em seu texto.

Um crime contra nossos jovens

Procuradora da República prevê ações contra uso de livro com erros pelo MEC


SÃO PAULO e BRASÍLIA - Diante da denúncia de que o livro "Por uma vida melhor", da professora Heloísa Ramos - que foi distribuído a 485 mil estudantes jovens e adultos pelo Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação -, defende o uso da linguagem popular e admite erros gramaticais grosseiros como "nós pega o peixe", a procuradora da República Janice Ascari, do Ministério Público Federal, previu que haverá ações na Justiça. Para ela, os responsáveis pela edição e pela distribuição do livro "estão cometendo um crime" contra a educação brasileira.

Vocês estão cometendo um crime contra os nossos jovens, prestando um desserviço à educação

- Vocês estão cometendo um crime contra os nossos jovens, prestando um desserviço à educação já deficientíssima do país e desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir. Essa conduta não cidadã é inadmissível, inconcebível e, certamente, sofrerá ações do Ministério Público - protestou a procuradora da República em seu blog.

No domingo, o livro já tinha sido duramente criticado por educadores e escritores. O MEC confirmou que não pretende retirar a publicação das escolas, alegando que não tem ingerência sobre o conteúdo das obras. Afirmando que se manifestava como mãe e sem analisar o aspecto jurídico da questão, Janice disse que ficou chocada com as notícias sobre o livro com erros aprovado e distribuído pelo MEC. Os autores defendem que essa linguagem coloquial não poderia ser classificada de certa ou errada, mas de adequada ou inadequada.

- Ainda não estou refeita do choque sofrido com as notícias sobre o conteúdo do livro aprovado pelo MEC, no qual consta autorização expressa para que os alunos falem "Nós pega o peixe", "Os livro mais interessante estão emprestado" e por aí vai. Não, MEC e autores do livro, definitivamente isso não é certo e nem adequado - disse Janice Ascari.


Os ‘livro’ do MEC (por Guilherme Fiuza)

“Nós pega o peixe”, ensina o livro didático de língua portuguesa “Por uma vida melhor”, de Heloísa Ramos.

Mas desse jeito a vida não vai melhorar tão cedo. O governo popular precisa ser mais ousado. Por que não “nós pega o dinheiro”?

Ou “nós faz caixa dois”, ou ainda “nós é companheiro, por isso nós ganha umas boquinha nos governo”.

Aí o português estaria errado. Como se sabe, a partir da norma culta do nosso Delúbio, não existe “caixa dois”, e sim “dinheiro não contabilizado”.

Da mesma forma, os intelectuais do MEC explicam que “nós pega o peixe” não é erro de português, mas “variação lingüística”.

Se o dinheiro pode não ser contabilizado, por que o plural tem que ser?

O Brasil finalmente caminha para a felicidade plena, com essa formidável evolução cultural “progressista”. As variações lingüísticas e as variações éticas vão formando esse novo país igualitário, que nutre orgulhosa simpatia pela ignorância.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, faltou à audiência pública no Senado sobre os livros didáticos. Está coberto de razão.

Se ele se recusa a recolher um texto que ensina os estudantes brasileiros a falarem “os livro”, tem mais é que se recusar a cumprir “os compromisso”.

Depois de explicar que é “claro” que você pode falar “os livro”, a obra “Por uma vida melhor” faz um alerta oportuno: “Mas fique atento, porque você pode ser vítima de preconceito lingüístico”.

Chega de preconceito contra os erros de português. Chega de elitismo. Delúbio tinha razão quando, apanhado operando o mensalão, disse que aquilo era preconceito da direita contra o governo dos pobres.

Da mesma forma, as eventuais críticas à inoperância de Dilma são rechaçadas como preconceito contra a mulher. E é claro que a oficialização da norma “nós pega o peixe” é o triunfo final de Lula, com seu diploma de vítima.

Viva “as novas elite brasileira”. E salve-se quem puder.

Guilherme Fiuza é jornalista e autor de vários livros, entre eles “Meu Nome não é Johnny”, adaptado para o cinema.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/05/16/procuradora-da-republica-preve-acoes-contra-uso-de-livro-com-erros-pelo-mec-autora-se-defende-924478530.asp#ixzz1MjPLYyc5
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE....


Ser missionário não é privilégio de determinadas pessoas, mas a essência de ser cristã: “Anunciar o evangelho é necessidade que se me impõe”. (I Coríntios 9:16). É um compromisso de toda a comunidade que vive e transmite a sua fé. “Nenhuma comunidade cristã é fiel à sua vocação se não é missionária”.

Ser missionário não é só percorrer grandes distâncias, ir para outros continentes, mas é a difícil viagem de sair de si, ir ao encontro do outro, ir onde há necessidade de alguém, oferecer nossos dons e vida ao serviço dos mais necessitados.

“E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;” (2Cor 9:8)

sábado, 10 de julho de 2010

Entendendo mais sobre o Ministério


Pensamento do Mês....“A graça humilha sem denegrir e exalta sem ensoberbecer.”

Charles Hodge



Mensagem para Jovens da INVP em 12/07/2009

QUANDO A ARTE TRANSCENDE O ENTRETENIMENTO

Destaco alguns pontos importantes relacionados a forma como ilustro as mensagens.

· Maior coeficiente de retenção da mensagem;

· Maior interatividade com o público, causando mais receptividade, empatia e reciprocidade;

· Facilitação da apresentação, comunicação, reflexão e compreensão de conceitos, teorias e estratégias;

· Diminuição da resistência à informação (por meio da maximização do prazer intrínseco à apresentação);

· Forte impacto associado à originalidade, visando incrementar o processo de posicionamento dos conceitos e mensagens apresentados ao público presente;

· Possibilidade de trabalhar aspectos emocionais e racionais simultaneamente pela característica da técnica que trata o lado lúdico e conceitual de maneira integrada.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Não que sejamos capazes, por nós,de pensar alguma coisa, como de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem do Eterno"

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

QUALQUER SEMELHANÇA E MERA COISCIDÊNCIA.

"Se o ministério de Jesus aqui no mundo estava focado em relacionamentos, o nosso é centrado em realizações. Muitas vezes, ao invés de exercermos ministérios por causa das pessoas, nos relacionamos com as pessoas por causa dos ministérios... "

Muitas vezes, as nossas tarefas ministeriais nos propiciam situações semelhantes às de Jesus em Mateus 4, em que, embora não percebamos, estamos frente a frente com o inimigo: normalmente em lugares altos, como por exemplo palcos e púlpitos, sendo sutilmente estimulados por ele à vaidade e à busca por poder, por meio de desafios lícitos, aparentemente necessários, respaldados na Palavra e expressos pelos nossos simples atos de fazer e ordenar. E pelo desejo de ter, o que pode muitas vezes representar uma atitude de obediência e conseqüente adoração ao tentador. O Diabo, como um ser milenar, sabe exatamente como fazer para nos instigar, atrair, e confundir. É algo tão sutil que nem todos conseguem identificar como certas propostas convidativas e aparentemente espetaculares são, na realidade, diabólicas e provocam completo engano - além de fazerem um tremendo mal à igreja. Ora, se ele foi capaz de tentar o próprio Jesus, imagine o que ele não gostaria de fazer conosco!
Infelizmente nem todos percebemos que por trás do aparente poder e da fama pode haver atitudes de quem se prostra e, mesmo de forma inconsciente, coloca o controle nas mãos do inimigo. Apesar de desejarmos ser como o Mestre Jesus, nem sempre conseguimos identificar que tais situações muitas vezes são provas a que o mesmo Espírito que o levou ao deserto está nos submetendo hoje. Pecamos na busca por reconhecimento e afirmação pessoal, quando a cobiça nos atrai e nos seduz. Os desejos de agir, controlar e possuir certamente são muito perigosos à vida tanto do pastor quanto do músico, e é exatamente por meio deles que se pode constatar a queda na mesma tentação feita a Jesus.

A história tem comprovado que o resultado dessa busca por poder e fama, de forma consciente ou não, tem gerado o desenvolvimento e a manutenção de práticas, que mesmo aparentemente inexpressivas, evidenciam o quanto a mesma tentação feita a Jesus não só está latente, mas, em muitos casos, atendida por parte de muitos líderes. ‘Fazer’, ‘ordenar’, e ‘ter’ são verbos que não só traduzem as ações e o sentimento sugeridos pelo diabo na direção de desviar a atenção de Jesus e promover a sua queda, mas que servem de balizadores para os nossos dias, nos permitindo um auto-exame, uma reflexão pessoal e sincera com relação às nossas atitudes no exercício daquilo que entendemos e muitas vezes chamamos de “nosso ministério”.

O FAZER

O empreendedorismo tornou-se uma das marcas mais importantes da sociedade atual. “Agenda cheia” virou sinônimo de competência e produtividade. Jamais pensamos nelas como empecilhos aos nossos alvos. Enquanto as atitudes de Jesus no seu ministério eram primeiramente voltadas para as pessoas, dedicando-lhes tempo comendo, conversando, caminhando, orando, curando, nós, nos “nossos” ministérios, buscamos ações estratégicas finais voltadas normalmente para o desenvolvimento e a manutenção das instituições.

Se o ministério de Jesus aqui no mundo estava focado em relacionamentos, o nosso é centrado em realizações. Muitas vezes, ao invés de exercermos ministérios por causa das pessoas, nos relacionamos com as pessoas por causa dos ministérios. Tarefas tornam-se fins e não meios, e processos firmam-se como mais importantes do que pessoas. Metas não faltam, como se não dependêssemos do Espírito para que as coisas aconteçam. A idéia do “bom pastor”, utilizada equivocadamente em relação a homens, e não a Jesus, passou a estar mais relacionada àquele que empreende do que ao que cuida das ovelhas.

Em nome de uma excelência na proclamação do evangelho, somos tentados a um ativismo cada vez maior, que nos é prazeroso, principalmente para aqueles movidos por desafios, e que, sob o respaldo da Palavra, sutilmente promove completo engano, nos afastando das pessoas e tornando a igreja mais parecida com uma produtora de é-ventos ou com uma indústria de crentes em série, do que com as metáforas de “família” e “corpo” apresentadas por Paulo.

Dessa forma, o exercício dos dons deixa de ser uma conseqüência espiritual das reuniões dos irmãos para ser mão-de-obra especializada, parte de um serviço departamentalizado chamado de ministérios, prestado por gente apaixonada pelo que faz, numa carga horária interminável, muitas vezes por só se sentir reconhecida e amada se estiver executando algo.

Precisamos aprender a ser igreja, e não a fazer igreja; ao invés de fazer música, talvez ser música para Deus; e ao invés de promover reinos de homens, ser Reino de Deus.

O TER

Enquanto Jesus “não tinha onde reclinar a cabeça”, alguns de nós "vocacionados" dos dias atuais temos não apenas carrões de últimos modelos, mansões nos bairros mais nobres, investimentos e salários bem superiores à média das famílias das congregações às quais dizemos pertencer. No caso dos pastores, os nossos púlpitos - onde ninguém mais prega - com algumas pequenas exceções; as nossas visões “dadas por Deus”, que, por isso, fragilizam qualquer possibilidade de questionamento; as nossas doutrinas, que muitas vezes nos promovem mais do que ensinam a outros; e porque não lembrar dos nossos rebanhos, que além de aplaudirem as nossas performances, nos dão poder de representatividade em diversas ocasiões, fazendo com que sejamos convidados a participar de reuniões, projetos e eventos, muito mais pelo número de membros que ‘temos’ do que por aquilo que simplesmente podemos oferecer.
Também temos os nossos cargos, que se confundem com os nossos títulos e nos conferem uma “autoridade”, na maioria das vezes outorgada ao invés de naturalmente conquistada pelo nosso viver. No caso dos músicos não é diferente. Logo se institui o título de “Levita”, como se fosse coisa dos dias atuais, ou de “Ministro de Louvor”, “Pastor de Artistas”, “Líder de Adoração”, etc., na tentativa inconsciente de se formar um clero da música, a exemplo do “consagrado” clero da palavra, que transpõe certas pessoas para um patamar superior de importância e não de serviço, onde o “Ter” também representa poder e conseqüente fama, quando temos os nossos trabalhos (leia-se CDs, DVDs, etc.), nossos públicos, nosso estilo musical, nossa imagem, nossa banda, nossa carreira, nosso fã-clube, e muita coisa mais, que parecem passar a ser mais nossas, numa perspectiva mundana, do que fruto da graça do Bondoso Pai.
Em nome de um sucesso no crescimento do Reino de Deus, somos tentados a cada vez mais procurarmos TER, dentre outras coisas, grandes comunidades e grandes públicos, ações plenamente realizáveis, principalmente para aqueles que possuem maior carisma, que nos enchem de satisfação pessoal e muitas vezes de orgulho, mas que sutilmente nos levam à promoção de controle e manipulação de massas, seja através do discurso ou da música; bem como ao controle e a manipulação de indivíduos, por meio de verdadeiros “abusos espirituais” em que terminamos machucando, ferindo, e muitas vezes matando “em nome de Deus” – a exemplo da “disciplina” que deixou de ser um ato de amor para ser um ato de terror – tudo isso apoiado por verdadeiras estruturas que envolvem desde equipes de marketing até de logísticas, que impressionam pelo tamanho, levando a igreja a assumir características mais de empresa do que daquilo que ela realmente deveria ser: grupos relacionais centrados no Cristo Vivo. E aí o patrimônio, desde o chamado “templo” até o menor parafuso reserva que está na caixa de ferramentas; a hierarquia, desde aquelas mais formais àquelas aparentemente mais livres; e a instituição, desde a denominação da qual fazemos parte até o tipo de serviço executado por alguém ou mesmo pelo grupo de reuniões menores, tudo isso passa a ser mais importante do que as pessoas, a verdadeira igreja.

O ORDENAR

A ação de ordenar é a maior demonstração visível de poder, embora nem toda ordem necessariamente contenha autoridade legítima. As idéias de que ‘competente’ é aquele que “faz”, e de que ‘bem-sucedido’ é aquele que “tem”, nos trazem a falsa sensação de que o sucesso no ministério, como acontece nas coisas mundanas, está no ‘agir’ e no ‘possuir’. No entanto, o relato deste episódio por Mateus nos ensina exatamente o contrário. Foi o abrir mão de “transformar pedras em pães”, mesmo num momento absolutamente necessário aos olhos humanos, e de possuir “todos os reinos deste mundo e a glória deles” mesmo numa perspectiva extremamente atraente e privilegiada aos olhos de quem está num lugar alto, que qualificaram Jesus para ordenar: “retira-te, Satanás”.

Certa vez, num congresso, ouvi que para Deus sucesso significa fidelidade, e foi o que qualificou a autoridade de Jesus para tal.

Em nome do exercício de nossa autoridade, muitas vezes somos tentados a uma busca por poder, que embora muitas vezes baseada na Palavra, sutilmente nos leva a práticas de controle e manipulação como já mencionamos acima. Este é um “prato cheio” para encantar pastores que quando ministram a Palavra tornam-se mestres no uso de apelos emocionais, aparência física e linguagem para “vender” seus argumentos, peritos em imitar a forma em lugar da substância, bem como para músicos, que quando ministram o louvor fazem o mesmo, com o acréscimo de toda a força própria da música para mexer com as emoções, utilizando-a da pior forma para conseguir seus objetivos pessoais em nome de uma exaltação a Deus.
Parece que o texto nos ensina que para seguir a Jesus atuando naquilo que chamamos de nossos ministérios temos que renunciar a muitas coisas. Tentações que têm a ver com o agir, o controlar, o possuir, fazendo-nos mais pastores do que gestores, ou mais servos do que servidos, ou mais apoiadores do que possuidores, ou ainda, sem tanta notoriedade a fim de exercer uma verdadeira autoridade que pode num só ordenar dizer o contrário de “fica, Satanás" e você foi possivelmente tentado a pensar, ao ler no início o título deste texto, que eu estaria comparando o embate que existiu entre o Diabo e Jesus, ao dos pastores e músicos. A grande realidade é que essa deve ser uma relação de cooperação e não de competição. Somos todos igualmente tentados, e, felizmente, Jesus não se permitiu cair.

Vale, então, uma pregação e uma canção sobre a graça de Jesus. E que o Pai das luzes e das artes seja glorificado com as nossas opções de vida e ministério.


Augusto Guedes é um dos pastores da Comunidade de Discípulos em Fortaleza. É músico, diretor-executivo do Instituto Ser Adorador (ISA).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

MATEM OS COMENTARISTAS

Dezembro 10th, 2009 / 3 feedbacks » / por Walter Cruz

de Søren Kierkegaard, tradução por Walter Cruz

A massa atual de intérpretes da Bíblia tem prejudicado, mais do que ajudado, o nosso entendimento dela. Na leitura dos acadêmicos, tornou-se necessário agir como se faz em uma peça de teatro, onde a profusão de espectadores e luzes impede, por assim dizer, nosso prazer da peça em si e, no lugar disso, somos tratados como pequenos incômodos. Para ver a peça, temos de ignorar essas coisas, se for possível, ou entrar por um caminho que ainda não tenha sido bloqueado. O comentarista [da Bíblia] se tornou um intrometido dos mais perigosos.

Se você quer entender a Bíblia, certifique-se de lê-la sem um comentário. Pense em um casal apaixonado. Ela escreve uma carta para o seu amado. Ele estaria preocupado com o que os outros pensam dessa carta? Ele não a leria toda sozinho? Colocando em outra forma, nem passaria pela sua cabeça ler essa carta com um comentário! Se a carta de sua amada estivesse em uma linguagem que ele não compreendesse, então ele aprenderia essa linguagem, mas certamente não leria a carta com o auxílio de comentários. Eles seriam inúteis. O seu amor por sua amada e a sua disposição de cumprir seus desejos o tornariam mais capaz de entender sua carta. O mesmo se dá com a Escritura. Com a ajuda de Deus, podemos entender a Bíblia toda corretamente. Cada comentário retira algo, e aquele que se senta com dez comentários para ler as Escrituras estará provavelmente escrevendo o décimo-primeiro, mas certamente não estará lidando com as Escrituras.

Suponha agora que essa carta apaixonada tenha um atributo único: cada ser humano é alvo desse amor. E agora? Deveremos nos sentar e discutir o significado uns com os outros? Não, cada um de nós deveria ler essa carta individualmente, como se fora o único indivíduo que tivesse recebido essa carta de Deus. Na leitura, estaremos preocupados principalmente conosco e em nosso relacionamento com Ele. Não nos focaremos em detalhes como 'essa passagem pode ser interpretada dessa forma' e 'aquela passagem pode ser interpretada dessa outra forma', não! O importante para nós será agirmos o mais rápido possível.

Será que o amado não pode nos dar algo que nenhum comentarista pode? Pense nisso! Nós não somos os melhores intérpretes de nossas próprias palavras? Depois disso, [o melhor intérprete] é aquele que nos ama. E em relação a Deus, não seria o verdadeiro crente o Seu melhor intérprete? Não nos esqueçamos: as Escrituras são as placas de sinalização, Cristo é o caminho. Matem os comentaristas!

É claro, não são apenas os comentaristas que estão errados. Deus quer forçar cada um de nós a voltar ao essencial, para um início infantil. Porém não queremos estar nus dessa forma perante Deus. Todos preferimos os comentaristas. Assim, cada geração que passa fica ainda mais fraca.

O que realmente precisamos então é de uma reforma que coloque a própria Bíblia de lado. Sim, isso tem tanta validade agora quanto Lutero rompendo com o Papa. A ênfase atual em voltar à Bíblia tem, tristemente, criado religiosidade do aprendizado e dos sofismas literais – um desvio total. Esse conhecimento tem sido repassado de forma trágica para as massas de modo que ninguém mais pode tão-somente ler a Bíblia. Todo nosso aprendizado bíblico tornou-se uma fortaleza de desculpas e escapes. Quando se trata da vida, da obediência, sempre tem alguma coisa com a qual precisamos lidar primeiro. Vivemos sob a ilusão de ser necessária a interpretação correta ou termos uma crença perfeita, antes como pré-requisitos para começar a viver – isto é, usamos isso como desculpa para não fazer o que a Palavra diz.

Há muito tempo, a igreja tem precisado de um profeta que, em temor e tremor, tenha a coragem de proibir o povo de ler a Bíblia. Sou tentado, portanto, a fazer a seguinte proposta: recolhamos todas as Bíblias e as levemos a um lugar aberto ou a uma montanha e, então, enquanto todos nós nos ajoelhamos, alguém fale com Deus desta forma: "Leve de volta esse livro. Nós, cristãos, não estamos aptos a nos envolver com tal coisa; ela somente nos torna orgulhosos e infelizes. Não estamos prontos para ela". Em outras palavras, eu sugiro que, como aqueles habitantes cujos porcos foram precipitados na água e morreram, imploremos a Cristo para "que deixe nossa vizinhança" (Mt. 8:34). Isso ao menos seria uma declaração honesta – algo muito diferente do erudicionismo nauseante e hipócrita que é tão comum hoje.

A questão toda é muito simples. A Bíblia é muito fácil de entender. Mas nós, cristãos, somos um bando de vigaristas cheios de intrigas. Fingimos que somos incapazes de entender porque sabemos que, no mesmo instante em que entendermos, seremos obrigados a agir de acordo. Pegue quaisquer palavras do Novo Testamento e esqueça tudo, exceto comprometer-se a agir de acordo. Você dirá: "Meu Deus, se eu fizer isso, minha vida inteira será arruinada. Como eu poderia ser bem sucedido no mundo?"

Aqui reside o verdadeiro lugar da erudição cristã: a erudição cristã é a prodigiosa invenção da igreja para se defender da Bíblia, para garantir que possamos continuar a ser bons cristãos sem nos aproximarmos demais da Bíblia. Oh, erudição preciosa, o que faríamos sem você? Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Sim, é mesmo horrível ficar a sós com o Novo Testamento.

Abro o Novo Testamento e leio: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e segue-me". Bom Deus, se nós realmente fizéssemos isso, todos os capitalistas, os legisladores e os empresários, de fato, toda a sociedade, seria composta de mendigos! Estaríamos afundados, não fosse a erudição cristã! Louvados sejam todos que trabalham para consolidar a reputação da erudição cristã, que ajudam a reprimir o Novo Testamento, esse livro confuso que nos desmontaria se fosse realmente livre (isto é, se a erudição cristã não o reprimisse).

A Bíblia ordena com autoridade em vão. Ela admoesta e implora em vão. Nós não a ouvimos – ou seja, nós ouvimos sua voz por intermédio da interferência da erudição cristã, os experts que foram apropriadamente treinados. Assim como um estrangeiro que protesta seus direitos em um idioma desconhecido não se importa em dizer palavras ousadas face a autoridades – mas, veja, o intérprete que traduz o que ele fala para as autoridades não se atreve a fazê-lo, mas substitui essas palavras por outras mais amenas – assim é a Bíblia lida pela ótica das interpretações cristãs.

Declaramos que a erudição cristã existe especificamente para nos ajudar a entender o Novo Testamento, de forma que possamos compreendê-lo melhor. Nenhum homem insano ou prisioneiro de Estado foi tão confinado quanto o Novo Testamento. Embora todos fiquem preocupados, ninguém nega que eles estão enclausurados, mas as preocupações em relação ao Novo Testamento são ainda maiores. Nós o enclausuramos, mas alegamos estar fazendo o oposto: que estamos muito ocupados ajudando o Novo Testamento a ter mais clareza e direção. Mas, é claro, nenhum maluco ou prisioneiro de Estado seria tão perigoso para nós como o Novo Testamento, se ele fosse livre.

É verdade que nós, protestantes, fizemos um grande esforço para que cada pessoa pudesse ter a Bíblia – mesmo na sua própria língua. Ah, mas que esforços nós tomamos para insistir junto a todos que ela pode ser entendida apenas por intermédio dos acadêmicos cristãos! Essa é a nossa situação atual. O que tenho tentado mostrar aqui é facilmente declarado: eu queria fazer as pessoas conscientes e admitir que acho o Novo Testamento muito fácil de compreender, mas, até agora, tenho achado tremendamente difícil agir de maneira literal sobre o que ele diz de forma tão clara. Eu talvez pudesse tomar uma outra direção e inventar um novo tipo de acadêmicos, trazendo à tona ainda mais um comentário, mas estou muito mais satisfeito com aquilo que eu tenho feito - fiz uma confissão sobre mim mesmo.